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Cursava o terceiro ano do segundo
grau, ou ensino médio, como queiram, afinal sou um pouco... Sou dos anos 70,
alias só nasci nessa década. Melhor, bem no final dela... Perpassei minha
infância pela década perdida, aquela onde se trocava de moeda e se remarcavam
preços nos mercados e quitandas, todos os dias. Tipo:
- Oh Luiz, vai comprar meia dúzia
de ovos pra sua mãe...
- Agora mãe?
- Sim, porque se deixar pra
depois, não vai ser mais 10 cruzados...
Beleza já rendeu demais esse
texto meia boca. Vamos ao que interessa. Acho que estava em 1995, decidindo
minha vida acadêmica, ou perdido mesmo, sem saber o que eu ia ser, depois dessa
tortura, chamada cursinho...
Depois do pré-universitário, onde
estudava o dia inteiro e o resto da noite, quando tinha simulado no dia
seguinte, eu aproveitava para ser uma pessoa normal. Jogava bola.
A famosa pelada corria sem uma
organização formal, até que um belo dia apareceu quem faltava: O TREINADOR.
Um velinho, franzino, alguns
poucos cabelos brancos e pai de um menino, que tinha idade de ser o seu
bisneto. Tal fato lhe dava a jovialidade necessária para se achar o Zagallo do
nosso recém-formado time. Lembro-me que no dia seguinte de sua apresentação ao
grupo, até a sobrancelha do velho estava pintada de preto, cor de petróleo...
Aparentando um velho de pelos
tingidos de preto petróleo, porém se achando 30 anos mais jovem, começaram as
séries de treinamentos e palestras motivacionais.
Semana após semana, o time se
fortalecia. Já pensava seriamente em ser jogador de futebol... Quatro semanas
de treinamentos intensivos, me sentia da seleção brasileira, de tão preparado.
Enfim, o nosso primeiro
"amistoso" estava devidamente marcado. Vô Zagallo marcou tudo
direitinho, e ainda escalou seu filho, como gandula do jogo... Achei estranho,
nós garotos de 15 a 17 anos ter que jogar com senhores de quase 30 anos... Os
Pedreiros Futebol Clube, era um time aguerrido, minto truculento mesmo... Era
canela inchada pra todo lado, levava cada pedrada no gol (sim, era o goleiro da
seleção do Vô)... E não é que fizemos gol nos Pedreiros. Pois é, não apenas 1,
mas 4 gols... Que loucura cometemos... Resumo da pelada: Revolta generalizada
dos Pedrera contra os juvenas. Confusão estabelecida... Pensei fu♀♪☼... vou
tomar porrada... Mas quem salvou nosso time?
Ele, o Vô Zagallo, sim e só podia
ser ele. Tomou-lhe um pequeno empurrão, daqueles:
- ei veio sai daqui... É daqueles
bem fraquinho mesmo...
Foi-se... O veio caiu igual uma
porta no chão... Silêncio na quadra, a confusão acabou naquele instante...
Morreu, pensamos todos. Todos foram acudir o Vô... Graças a Deus não foi dessa
vez, só banhou de sangue vivo, sua sobrancelha preto petróleo...
Que pena!!! Assim foi o primeiro
e último jogo da nossa futura e promissora seleção...