10/01/2020 - 11/01/2020 - OpinaMundos
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PIX e a moeda digital brasileira - Novo Artigo da FEBRABAM

Texto replicado na íntegra do site:

https://noomis.febraban.org.br/especialista/guga-stocco/o-pix-e-a-moeda-digital-brasileira

O Pix e a moeda digital brasileira

A digitalização ampla parece ter ganhado força no país e é o momento do Brasil abraçá-la de vez; não dá para ficar preso a novas notas de R$ 200, enquanto a China corre para eliminar as cédulas

Futurização

Guga Stocco

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O Brasil nunca esteve tão próximo de criar uma moeda digital própria. A aprovação do open banking, o lançamento do meio de pagamentos instantâneos Pix e a expansão das sociedades de crédito direto colocam o país na linha de frente das discussões sobre o futuro do dinheiro. Um futuro digital, sem TED ou DOCs, agências ou caixas eletrônicos.

As movimentações recentes do Banco Central do país, em linha com o que está sendo feito na China, Europa, Estados Unidos e Canadá, abrem caminho para um mercado mais competitivo e de preços mais baixos aos consumidores. A oportunidade também altera o papel que os bancos tiveram em toda sua história, como intermediário das transações financeiras. Foram criados como depositários no século 15, mas agora caminham para ser fornecedores de soluções digitais no século 21. É hora de aceleramos essas transformações. Porque todo mundo tem a ganhar. 

Vamos começar por você leitor, como consumidor. Se nós temos contas em bancos diferentes, há apenas duas formas de enviarmos dinheiro um para o outro: fazendo um TED ou um DOC. Nenhum deles funciona em tempo real. O TED promete no mesmo dia. O DOC, no próximo dia útil. Para qualquer um deles, pagaremos uma taxa. Os dois funcionam com horário máximo para a transferência. Nenhum funciona aos finais de semana.

Com o Pix, esse cenário muda: o sistema do BC é acessível 24 horas, 7 dias por semana, todos os dias do ano, e é praticamente gratuito ao consumidor final. Quase em tempo real será possível enviar dinheiro para outra pessoa ou empresa. Basta ter uma conta em uma instituição financeira: seja um grande banco ou uma fintech com mais de 500 mil contas ativas. Se você é como eu e odeia preencher os dados de transferência (CPF, agência e conta corrente), o Pix também promete a opção do QR Code. É tirar a fotinho do código e pronto. Transferido. ✔️

É o primeiro passo para a criação de uma moeda digital para chamar de nossa. Os bancos centrais em todo o mundo aceleraram o ritmo com que buscam emitir uma forma digital da moeda fiduciária, chamadas de CBDC (Central Banking Digital Currency). Em vez de imprimir notas de papel e cunhar moedas, um processo que no Brasil começa na Casa da Moeda, passa pelo BC, pela rede de custódia, por bancos comerciais, até chegar ao público, os bancos centrais emitirão tokens eletrônicos. Você terá seu dinheiro, sem precisar sacar nada e poderá transferi-lo sem pagar o valor de um TED ou DOC.

Um estudo da consultoria Roland Berger calcula que o fim das taxas sobre transferências vai custar aos grandes bancos e às empresas de adquirência (as famosas maquininhas) de 18% a 63% de suas receitas —13 bilhões de reais por ano. Pensar não mais como um intermediário, mas como um agente de bons serviços digitais é fundamental, portanto. 

Com o Pix, o Brasil foi incluído entre os países à frente nas iniciativas de CBDC por pesquisadores do Belfer Center, da Universidade de Harvard.  Temos grande potencial —não à toa o WhatsApp nos escolheu para testar seu sistema de pagamentos, em uma movimentação que ocorre em paralelo ao Pix e na qual o BC está de olho para evitar vantagens excessivas para uma única empresa.

Na China, que foi pioneira ao lançar sua própria moeda digital, o CBDC já está em circulação e a tradicional escadinha de emissão de moeda começa a ser eliminada (ver gráfico). O país, contudo, se beneficia de um mercado de pagamentos que se digitalizou nos últimos anos, onde aplicativos gigantes como AliPay e WeChat ajudaram os chineses a aderir ao QR Code. Lá, a sociedade já vinha num processo de mudanças de hábitos: viver sem cartão de crédito ou notas de dinheiro.

Nesse sentido, talvez a pandemia mude nosso cenário por aqui. A crise obrigou empresas a acelerarem a transformação digital, bancos a revisitar seu negócio de agências e levou para a TV de milhões de brasileiros o QR Code nas lives musicais e nas propagandas. Até restaurante está deixando de usar cartão para receber pelo serviço com QR Code ou direto pelo celular. Sem entregador levando maquininha. 

 

A digitalização ampla parece ter ganhado força no país e é o momento do Brasil abraçá-la de vez. Não dá para ficar preso a novas notas de R$ 200, enquanto a China está correndo para eliminar todas as cédulas. Ao fornecer novas experiências ao público, abrir espaço para fintechs, bancos pequenos e transferências peer-to-peer, começamos a criar um sistema competitivo e mais descentralizado.

Em uma palestra recente, o  diretor de organização do sistema financeiro e resolução do Banco Central (BC), João Manoel Pinho de Mello, disse que o Pix e o open banking vão fomentar um sistema mais aberto, que deve, inclusive, contribuir para que a atual crise não aumente a concentração bancária. Quase mil instituições financeiras do país se inscreveram para aderir a esses serviços, segundo Mello. 

Os bancos que continuarem cultivando seu legado, em uma estratégia defensiva e de bloqueio à inovação digital, vão perder essa onda. Como sempre digo: o tsunami uma hora chega. Não dá mais para se segurar apenas como guardião do dinheiro físico porque o futuro do dinheiro já está eliminando essa necessidade. Não dá mais para pedir ao gerente liberar toda hora seu limite. As tecnologias também já estão garantindo a segurança da identidade da transação. O banco não precisa checar mais isso.

No futuro que visualizo para 2025, os intermediários —do dinheiro, do nosso trabalho, das nossas relações, não têm vez. Mas veja pelo lado bom: as regras estão mais claras, a CVM já trabalhou a regulação para uso do blockchain, o Pix pode tirar o "peso" de muitas transações e os bancos poderão focar em investir na melhor tecnologia para oferecer as melhores experiências possíveis. Longe dos caixas. Pode anotar aí: em cinco anos, viveremos um mercado financeiro completamente diferente.

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PIX - Nasce uma criptomoeda governamental brasileira?

Segundo publicação do G1, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), afirmou no evento online Conexão PIX, que o sistema de pagamentos Instantâneos do Brasil, PIX, vai terminar em uma moeda digital.

Segundo ele, o sistema culminará em uma versão digital do Real:

“A gente imagina que o sistema financeiro no mundo é [no futuro] quase todo digital. E culminando com o que a gente chama de moeda digital, que a gente vê lá na frente”, disse

“O PIX é um pilar fundamental”, declarou Campos Neto sobre a grande novidade do sistema financeiro brasileiro em 2020. 

Com o objetivo de interligar instituições bancárias, o PIX tem como princípios principais ser seguro, aberto, barato, transparente e rápido, disse o presidente do BC no evento virtual.
PIX é uma resposta ao bitcoin

O presidente do BC argumentou, durante o lançamento oficial da logomarca e identidade visual do PIX, que é do Bitcoin e das criptomoedas que nascem as necessidades de “um instrumento de pagamento que seja barato, rápido, transparente e seguro”.

“Nós vamos prover a rede que irá conectar fintechs, com bancos e instituições financeiras. Este é o principal projeto do Banco Central do Brasil para este ano”, declarou, enfatizando que o objetivo é “aumentar a competição do mercado, incluir mais pessoas na economia, facilitar as transações e diminuir os custos de todo o processo”.

“A ideia é fazer com que qualquer estabelecimento comercial seja um lugar onde as pessoas possam sacar dinheiro. Isso vai ser bom para as pessoas, porque elas vão precisar ter menos dinheiro na carteira. Vai ser bom para os estabelecimentos porque vão otimizar o volume de dinheiro que vão manter em estoque”, explicou Campos Neto.

Enquanto o Brasil engatinha nesse processo, a China, no meio da crise da Covid-19, sai na frente ao lançar a primeira criptomoeda governamental do mundo: o e-renminbi (e-RMB)

Já se especulava há algum tempo se as moedas virtuais não seriam mais cedo ou mais tarde adotadas por Estados nacionais. A China saiu na frente nesse processo lançando em maio de 2020 a primeira criptomoeda governamental do mundo. No momento a China está expandindo testes com esse ativo virtual que é vinculado à moeda chinesa e operado pelo banco central do país.

Ronaldo Lemos em seu artigo "Surge uma criptomoeda governamental" 
(Folha de São Paulo)
 reporta bem como essa revolução financeira está ocorrendo por lá.
 
"Cidades como Pequim, Chengdu e Shenzhen são algumas das primeiras a atuar no projeto. Por exemplo, funcionários públicos dessas cidades vão começar a receber salários na nova moeda virtual a partir de maio. Um aplicativo específico de carteira virtual é utilizado para fazer transações.

No entanto, a facilidade de uso é total. Isso ocorre porque na China a maioria dos pagamentos já é hoje digital. Tudo se paga pelo celular.

Moradores de rua, por exemplo, carregam placas com seu código QR, porque sabem que o celular é a única forma de receberem um auxílio (quase ninguém carrega dinheiro em papel). Só que esses pagamentos digitais ainda eram atrelados ao dinheiro convencional. A ideia é que agora possam funcionar também com base na nova moeda virtual.

Tudo isso contrasta fortemente com a situação do Brasil, país em que 1 de cada 3 adultos não tem sequer conta bancárias. As imagens de pessoas dormindo nas ruas em longas filas na porta de agências da Caixa para tentar receber o auxílio emergencial dão conta do tamanho da calamidade que a exclusão financeira provoca.

Países como a Índia e a China promoveram, nos últimos dez anos, um processo de bancarização gigantesco. O Brasil ignorou essa questão e agora paga um preço enorme por isso, cobrado em vidas.

Com a nova moeda virtual, a China aprofunda a digitalização da sua economia, com possíveis repercussões globais.

É curioso notar que o que acelerou a moeda virtual do país foi justamente a publicação pelo Facebook do seu projeto chamado Libra. No projeto, a empresa propunha criar uma moeda virtual global, que poderia servir de alternativa monetária ao dólar.

Lançado com grandes expectativas, o projeto do Facebook acabou paralisado. Produz agora um efeito concreto, de ter impulsionado a China a correr e tomar uma iniciativa similar, não em nome de uma empresa, mas sim de um país.

A medida é também um movimento preventivo contra a crescente politização do dólar. A moeda americana vem sendo progressivamente utilizada como instrumento de política externa. Em 2019, empresas europeias foram ameaçadas de exclusão do sistema de compensação internacional do dólar pela rede Swift por estarem vendendo para o Irã.

Para se precaver desse movimento, a expectativa é que o e-RMB seja um passo na criação de outro sistema de transações monetárias internacionais que não precise da rede Swift (criada em 1973) para serem completadas. Em vez dessa rede, adota-se estrutura baseada em blockchain, de aplicação global. Só que, em vez de atrelar-se à imprevisibilidade de várias criptomoedas, vincula-se a uma moeda fiduciária emitida por um Estado nacional.

Esse pequeno passo pode ser o bater de asas da borboleta capaz de influenciar o curso natural das coisas e provocar um furacão do outro lado do mundo.

READER

Já era Achar que criptomoeda é coisa de maluco

Já é Explosão de criptomoedas autônomas, como bitcoin, ether e lumen

Já vem A corrida das criptomoedas estatais, em que o vencedor leva tudo"

OPINAMUNDOS

A pandemia revelou a urgência do acesso universal a uma renda mínima, como mitigador da extrema pobreza. Além de empoderar o cidadão no sentido de livre escolha do que fazer com o auxílio recebido, a roda da economia se manteve girando, apesar da queda brusca.

A democratização do acesso a uma renda mínima é um desafio para todas as nações do mundo. A fome, a exclusão e o desamparo só serão mitigadas com políticas sociais que incluam uma renda mínima em seu guarda chuva de ações de inserção ou reinserção do indivíduo ao emprego e/ou geração de renda. O chamado imposto negativo (renda básica cidadã) precisa estar no orçamento e nas reformas do ESTADO.

Quem sabe o PIX poderá financiar de algum modo essa GRANDE REVOLUÇÂO financeira no BRASIL? Caberá aos especialistas a melhor FÓRMULA para essa GRANDE QUESTÃO.   

Alex Souza

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Artigo de Viviane Nogueira

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