Não existe amizade entre países, existe interesses!! Partindo desta premissa, devemos entender quais os interesses de uma nação declarar uma guerra a outra. E como deve se comportar outros países que possuem outros interesses nestes mesmos países? Como colaborar com a paz nessa região sensível ao seus interesses, sem falar é claro, na perda terrível e inestimável de vidas humanas?
“Nessa guerra lá fora queriam que eu tomasse partido. Meu partido é o Brasil. Temos negócios com a Rússia, somos neutros e continuamos recebendo fertilizantes deles. Imaginem o nosso agronegócio sem fertilizante. Cairia a produtividade”, disse Bolsonaro a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, segundo registro de um
canal no YouTube.
A Rússia é um dos países que mais exportam adubos e fertilizantes para o Brasil. Em janeiro, 30% do insumo que chegou ao território nacional veio dos russos, segundo o Ministério da Economia.
Em relação a Ucrânia, segundo o Itamaraty: “O Brasil celebra a valiosa contribuição da comunidade de ucranianos e seus descendentes em nosso País — estimada em quinhentas mil pessoas — para o desenvolvimento nacional, há mais de cento e trinta anos. Nomes célebres, como a escritora Clarice Lispector, nascida na Ucrânia, marcaram a formação cultural do povo brasileiro”
Em relação a Russia, o atual embaixador em Moscou, o diplomata Rodrigo Baena Soares, afirmou em entrevista ao site Sputnik Brasil (2021)
"Com a Rússia nós
temos uma relação muito especial, porque temos quase 200 anos de relação, apesar de algumas interrupções. No geral, são quase 200 anos: 193. É uma relação em que somos sócios no BRICS e no G20. A partir de janeiro, estaremos juntos no Conselho de Segurança [das Nações Unidas] por dois anos, afinal o Brasil assume a cadeira de forma não permanente em 1º de janeiro. Temos muitos interesses na área de desarmamento, por exemplo. Temos uma relação comercial bastante sólida. Claro que o comércio caiu ultimamente, por conta da pandemia, mas já chegou a quase US$ 8 bilhões em 2007. Hoje em dia, está por volta de US$ 5 bilhões. Então é um comércio bastante vigoroso, mas que, claro, tem espaço e potencial para crescer mais. Temos investimentos russos no Brasil e as grandes empresas russas estão presentes no nosso país: a Rosneft, a Gazprom e a Rosatom. Temos a rede de supermercados [russa] X5, que comprou uma rede brasileira. O ideal seria se tivéssemos investimentos brasileiros aqui. A isso nós chegamos no passado, no setor de proteína animal. Hoje em dia não temos mais, mas isso é um elemento que eu vou procurar estimular: que o Brasil tenha investimentos aqui. Na área cultural, eu sei do apreço que os russos têm pela nossa cultura, e também acho que nós precisamos conhecer melhor a cultura russa. Há um espaço grande para intercâmbio cultural entre os dois países. Temos experiências muito bem-sucedidas, como a do [ballet] Bolshoi, que tem uma sucursal em Joinville. Mas podemos incrementar, para a gente se conhecer melhor!
Ainda nesta entrevista o Embaixador Rodrigo Baena Soares afirmou que:
"A Rússia é considerada, e com toda razão, uma excelência na área de tecnologia e inovação, e nós poderíamos aproveitar mais: ter mais diálogos entre os parques tecnológicos, entre as universidades, projetos em comum, projetos na área espacial. Acredito que seja uma área que a gente pode fazer mais que temos feito, aproveitando a excelência russa nessa área. Também na área cultural, é preciso se conhecer melhor, por isso eu gostaria de fazer muitos eventos, aproveitando o bicentenário da nossa independência e os 100 anos da Semana de Arte Moderna, no ano que vem. São dois marcos importantes. Eu quero mostrar o Brasil para os russos nas artes plásticas, na dança, na música. Também acho que a gente precisa ter um diálogo político ainda mais estreito, já que a Rússia é um país absolutamente incontornável para qualquer outro no mundo, então podemos ter o aprofundamento do diálogo político comum. Na área comercial, devemos diversificar ainda mais as exportações. Pensar em retomar os investimentos brasileiros que já aconteceram no passado. São essas áreas, principalmente, que eu gostaria de trabalhar com a Rússia.
De forma pragmática, a Rússia situa-se tradicionalmente entre os 15 maiores parceiros comerciais do Brasil. O intercâmbio bilateral em 2021 foi de US$ 7,3 bilhões. O comércio é complementar e concentrado na cadeia do agronegócio. Do lado brasileiro, soja, carnes, amendoim, café e açúcar são responsáveis por grande parte da pauta, enquanto a Rússia tem nos fertilizantes o principal produto de exportação para o Brasil. Há interesse em ampliar e diversificar o intercâmbio com produtos de maior valor agregado, consoante o nível de desenvolvimento da duas economias.
Evidenciado questões econômicas, podemos analisar questões geopolíticas colaterais que poderiam auxiliar no fim do conflito Rússia x Ucrânia. Fim de uma crise que beneficiaria o mundo inteiro, que já vem cambaleante desde o início da pandemia da Covid 19.
O perfil heterogêneo do bloco politico/econômico e social do BRICS, composto pelos países (Brasil, Rússia, Índia, China e Africa do Sul) oferece importantes credenciais diplomáticas para a promoção da paz na região, atualmente em conflito (Russia e Ucrania). Os presidentes Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky devem vislumbrar esse caminho. A fuga da negociação tradicional se faz necessária neste instantes de grande impasse, onde a visão e sanções ocidentais são mais predominantes. EM PREJUÍZO DO MUNDO TODO, PRINCIPALMENTE OS ENVOLVIDOS DIRETAMENTE NA GUERRA/CONFLITO.
Como garantir a autonomia da Ucrânia, sua soberania, estando no meio do caminho (geopolítico) da Russia x OTAN (potências atômicas)?
Por que não pensar a Ucrânia como uma nova Suíça do leste europeu? Neutra militarmente e forte economicamente. Uma zona neutra e franca, capaz de abrigar diferentes visões de mundo e sem perigos militares. Área autônoma, soberana e capaz de diversos acordos multilaterais com diferentes blocos políticos e econômicos. Todos iriam se beneficiar com essa solução. Inclusive poderia servir de paradigma para resolução de novos conflitos mundo a fora.
Tal acordo precisa ter a participação da população num segundo momento. Pós reconstrução e armistício entre Rússia e Ucrânia. Uma revisão periódica do acordo/pacto/anistias deve ser feita através de plebiscitos estratégicos.
O BRICS assim como a ONU, OTAN e a União Europeia precisam repensar seus papeis na promoção da paz mundial e do desenvolvimento humano. Garantindo a livre iniciativa dos indivíduos, o respeito a soberania das nações e a autodeterminação dos povos. Por acaso, a constituição brasileira é um belo exemplo desse pacto. Sem falar da convivência pacifica entre diferentes povos que escolheram o Brasil para viver (inclusos Russos e Ucranianos - Judeus e Árabes, por exemplo). Que a diplomacia brasileira do governo Jair Messias Bolsonaro ofereça alguma proposta nesse sentido.
A PAZ ESTÁ NO CAMINHO DO MEIO!!
Opinamundos - por Alex Campos