
Enfim, a farsa começa a ser desmontada. A devassa que a sociedade campista aguardava na Prefeitura de Campos aconteceu ontem desde as primeiras horas da manhã, com a prisão de oito pessoas, pela Polícia Federal (
PF), entre empreiteiros, secretários e assessores do prefeito Alexandre
Mocaiber (
PSB), que acabou sendo afastado do cargo por denúncias de fraudes em licitações de obras e contratação de pessoal. Com o afastamento de
Mocaiber, o
vice-prefeito Roberto Henriques assume hoje mesmo a prefeitura e permanecerá no cargo enquanto durarem as investigações. A
PF agiu em cumprimento de determinação do Ministério Público Federal (
MPF). As fraudes, de desvios de verbas do Ministério da Saúde, totalizam cerca de R$ 240 milhões. Por conta da máfia que agia na prefeitura, chegou a ser instalada na Câmara Municipal a
CPI da Saúde, à época da gestão do prefeito e hoje deputado federal Arnaldo
Vianna. Na ocasião,
Mocaiber era um dos secretários de saúde. De acordo com o
MPF, empresários ligados à
atual administração pública do município utilizavam “laranjas” para disputar licitações viciadas e assim firmarem contratos milionários com a prefeitura. Todos foram indiciados por crime contra a ordem tributária,
superfaturamento, fraude em licitações e formação de quadrilha. Seus bens foram todos bloqueados pela Justiça. Entre os presos e afastados dos cargos, o procurador geral
Alex Pereira Campos, o secretário de Obras, José
Luis Puglia, o ex-secretário de Desenvolvimento,
Edílson Quintanilha, o assessor especial do prefeito e coordenador de Bolsas de Estudo da prefeitura, Francisco de Assis Rodrigues, o empresário
Antônio Geraldo Fonseca
Seves (produção e contratação de
shows para a prefeitura) e a presidente da Comissão de Licitações, Marta
Antônio. Outras pessoas também presas são: Marco
Antônio França
Faria, presidente da Fundação José
Pelúcio,
Dilcinéia Freitas (
Neinha Freitas, que faz um programa na Rádio Continental), os empresários Ricardo
Luiz Paranhos Pimentel (que seria o cabeça do esquema de contratações, controlador da Cruz Vermelha Brasileira e da Fundação José
Pelúcio), Fábio Lucas Fonseca
Seves,
Stephan Jakimow, Mariana
Aratanha Pimentel e José Renato
Muniz Guimarães (também presidente da filial Cruz Vermelha, em Nova
Iguaçu). A
PF cumpriu mandado de busca e apreensão contra o ex-deputado
Claudecis Francisco, o empresário Fernando Mário
Petronilho Caldas, e o tenente-coronel Eduardo Ribeiro Neto, subsecretário de Defesa Civil, que acabou sendo preso, mas por porte ilegal de arma. A explicação para o mandado de busca na casa de
Claudecis seria a escuta
telefônica efetuada pelos policiais, onde teria sido identificada conversa sobre um acordo financeiro entre o ex-deputado e assessores do prefeito.
Claudecis assumiu há alguns dias a gerência de Desenvolvimento da prefeitura. Outras pessoas tiveram prisão decretada, mas não foram encontradas e são dadas como foragidas da Justiça. São elas,
Luciana Portinho, presidente da Fundação Cultural Jornalista Osvaldo Lima e a empresária
Kelly Cristini Domalkosk. A Polícia Federal cumpriu também mandados de busca e apreensão, num apartamento de
Mocaiber em Ipanema (zona sul do Rio), e na casa de
Alex Pereira Campos, em Belo Horizonte.
Denunciados surpreendidos na madrugada
A operação começou nas primeiras horas da manhã, quando agentes da
PF cercaram a casa do prefeito e a prefeitura, onde vasculharam várias secretarias para o cumprimento de mandados de busca e apreensão de computadores e documentos. Também foi feita uma mesma operação na casa da secretária Ana Regina Fernandes. A Polícia Federal esteve também na casa do secretário de Fazenda, Carlos Edmundo Oliveira para busca e apreensão de documentos, mas ele não foi encontrado. Edmundo estaria no exterior. Os envolvidos deverão responder por crimes contra a ordem tributária e formação de quadrilha. A Cruz Vermelha é responsável pelo programa Saúde da Família (que envolve recursos do governo federal), enquanto a José
Pelúcio gerencia os recursos para o pagamento de cerca de 20 mil contratações de pessoas. Os presos foram levados algemados num avião da Polícia Federal
direto para a Superintendência Regional da Polícia Federal, na Zona Portuária do Rio.
Já de longa data observamos a lama tomar conta da política campista. A casa caiu e vai cair ainda mais, pois é apenas a ponta do aceberg. O enriquecimento ilícito naquela baixada estava ficando incontrolável, desde do início do repasse dos Royalties do petróleo aos cofres públicos e consequentemente aos bolsos privados. O desfile de carros importados de último tipo estava transformando Campos numa verdadeira Beverly Hills, sem falar é claro das mansões e empreendimentos faraônicos que tomam conta da planice goytacá.